Uma parte de mim se foi. Não que eu a tenha jogado fora, desprezado
ou quisto que ela se fosse. Ela simplesmente se foi. Assim como tudo
nessa vida um dia vai. A própria vida se vai, o tempo se vai, tempo
esse, aliás, eternamente responsável pelo ir e nunca voltar das coisas.
Foi ele quem levou essa parte de mim, da forma mais rápida e cruel,
bem devagarinho. De forma que inicialmente eu não percebesse, mas que
conforme o passar do maldito tempo (ou bendito, depende da ocasião), eu
percebesse, mas não tomasse nenhuma atitude, até porque, quem sou eu
contra esse que tem tanto poder?
Diante da minha impotência, agora que essa parte de mim se foi, o que
restou foi a saudade de tudo que vivi, tudo que senti, de cada
discussão infantil, do mau humor matinal, da correria para fazer
trabalhos escolares, das piadinhas em momentos impróprios, das vaquinhas
para comer gordices, da família que era aquilo e principalmente das
risadas, essas marcaram em meu peito mais do que qualquer cicatriz
deixada pela tristeza poderia fazer, isso porque a tristeza, o tempo
varre com toda a poeira que foi levantada por ela, mas a saudade…o tempo
humildemente permite deixá-la para que saibamos que a vida foi feita
para ser vivida, pois o senhor tempo, uma hora passa.
Uma parte de minha se foi, mas deixou gotas de saudade.
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