quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Nem começo, nem fim; recomeço


Na maioria das vezes é o primeiro sinal de um acontecimento. E também é o último sinal de um acontecimento. É um sinal de uma grande mudança.
Pode ser o carro-chefe de uma grande tempestade, afinal, toda grande tempestade começou com ela, que parecia tão insignificante, mas que foi capaz de transformar um dia claro, no mais nublado e cinzento, provocando grandes estalos, anunciando sua imponência e afirmando que ela viria mesmo que não fosse bem-vinda.
A pequena gota conduziu uma sinfonia de trovões, capaz de ser a melodia perfeita daquele casal que insiste em ficar debaixo dessa torrente, enquanto as outras pessoas correm dela, como se aquele banho fosse queimar-lhes a alma.
Os que fogem, não precisam ter medo. Porque assim como ela foi o carro-chefe da tempestade, outra gota encerra a sinfonia, como a última nota tocada ao comando do maestro, e com toda humildade, abre o caminho para uma nova canção começar, estende o tapete para um novo nascer.
Talvez seja essa sua função, começar e terminar. Se parar pra pensar, quantas gotas quentes já escorreram sozinhas de um rosto depois do fim de um relacionamento? Ou quantas delas foram a maior demonstração de felicidade por ver um ser pequenino chegar ao mundo?
Ou melhor, talvez, sua função não seja começar e terminar, talvez sua função seja REcomeçar, todo início e fim é um recomeço mesmo.

É… A pequena gota d’água encontrou sua importância.

Se foi

Uma parte de mim se foi. Não que eu a tenha jogado fora, desprezado ou quisto que ela se fosse. Ela simplesmente se foi. Assim como tudo nessa vida um dia vai. A própria vida se vai, o tempo se vai, tempo esse, aliás, eternamente responsável pelo ir e nunca voltar das coisas.
Foi ele quem levou essa parte de mim, da forma mais rápida e cruel, bem devagarinho. De forma que inicialmente eu não percebesse, mas que conforme o passar do maldito tempo (ou bendito, depende da ocasião), eu percebesse, mas não tomasse nenhuma atitude, até porque, quem sou eu contra esse que tem tanto poder?
Diante da minha impotência, agora que essa parte de mim se foi, o que restou foi a saudade de tudo que vivi, tudo que senti, de cada discussão infantil, do mau humor matinal, da correria para fazer trabalhos escolares, das piadinhas em momentos impróprios, das vaquinhas para comer gordices, da família que era aquilo e principalmente das risadas, essas marcaram em meu peito mais do que qualquer cicatriz deixada pela tristeza poderia fazer, isso porque a tristeza, o tempo varre com toda a poeira que foi levantada por ela, mas a saudade…o tempo humildemente permite deixá-la para que saibamos que a vida foi feita para ser vivida, pois o senhor tempo, uma hora passa.

Uma parte de minha se foi, mas deixou gotas de saudade.